Em algumas regiões do Ceará, o número de domicílios com renda per capita de até 1/4 ultrapassa 40%

ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER


Em meio a todos os esforços do governo estadual para interiorização da atividade econômica, aliados aos programas de transferência de renda do governo federal e de valorização do salário mínimo, a intensidade da pobreza ainda é grande no Ceará. Com mais de 40% dos domicílios sem renda ou com rendimento per capita de até 1/4 de salário mínimo (R$ 127,50), em 2010, as regiões do Litoral Oeste (42,22%) e do Sertão dos Inhamuns (40,13%) confirmam essa realidade, com índices bem superiores à média estadual (26,26%).

Na outra ponta, está a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com essa proporção inferior a 15% (14,32%), mas onde a quantidade de lares com renda per capita superior a um salário mínimo é de quase 30% (28,91%), a maior taxa de todo o Estado, cuja média chega a apenas 18% ( 18,42%).

Os números são da "Análise da Evolução dos Indicadores Socioeconômicos das Macrorregiões de Planejamento do Ceará: 2000-2010, apresentada ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece).

"Isto (os números) mostra a intensidade da pobreza no Ceará", afirma Flávio Ataliba, diretor geral da entidade.

Empregos

Na contramão, enquanto o estudo revela elevado quadro de indigência para o Litoral Oeste, está foi a região que obteve o maior crescimento relativo na geração de empregos formais no Estado (17,87%) no período em questão. Seguida do Sertão Central (14,69%) e do Litoral Leste/Jaguaribe.

Área oeste

"No caso do Litoral Oeste, atividades como a exploração de petróleo, em Paracuru; do beneficiamento do coco, em Itapipoca; de calçados, em Itapajé; e ainda do incremento do turismo puxam o mercado de trabalho. O mesmo acontecendo com os projetos de irrigação, sobretudo com o arroz, em Iguatu; e do cultivo da banana e do melão em limoeiro, no Litoral Leste/Jaguaribe", justifica a Eloísa Bezerra, economista do Ipece.

Concentração

Apenas duas regiões registram queda na criação de postos de trabalho no Estado na última década: Baturité (-13,48%) e a RMF (-4,05%). Embora esta última tenha acusado esse recuo no número de vagas, esta ainda concentra quase 70% (69,57%) do número de empregos com carteira assinada no Ceará.

RETRAÇÃO
Indústria perde espaço na economia

Pressão do câmbio, elevando a concorrência dos importados, e nova metodologia justificam recuo na participação

A análise dos indicadores socioeconômicos da macrorregiões do Ceará também revela indícios de que a indústria, embora esta seja um dos pilares da política de desenvolvimento econômico estadual, vem perdendo espaço na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Enquanto no ano 2000 este setor respondia por 24,16% do indicador, em 2008, último ano em análise neste aspecto, a participação caiu para 23,61%.

O movimento foi mais forte em cinco das oito macrorregiões: Baturité (de 14,69% para 10,95%); Cariri/Centro Sul (de 15,58% para 13,87%); Litoral Leste/Jaguaribe (de 20,80% para 18,64%); Sertão Central (de 17,64% para 12,95%); e Sobral/Ibiapaba (de 23,49% para 20,85%).

Apenas o Sertão dos Inhamuns apresentou avanço significativo da atividade industrial, com a participação saindo de 8,92%, no ano 2000, para 11,39%, em 2008.

Já no Litoral Oeste a proporção subiu de 22,18% para 22,87% no período em questão; e na RMF o incremento foi de 27,40% para 27,77%.

Causas

Na avaliação do diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba, a pressão do câmbio, o que possibilitou o ingresso de mais produtos importados aumentando a concorrência, justifica essa tendência. E mais: "O que ocorreu também foi que, em 2006, uma reclassificação metodológica realocou muitas atividades que antes faziam parte do setor industrial para o setor de serviços. Muitas indústrias terceirizaram atividades como limpeza e transporte, reforçando o peso dos serviços na economia cearense", emenda Eloísa Bezerra, economista do Instituto.

Serviços

De fato, entre os anos 2000 e 2008, os serviços passaram a ter ainda mais peso na composição do PIB estadual, saindo de 68,15% para 69,33%.

No último ano da pesquisa, este setor é o mais significativo em todas as macrorregiões do Ceará, com destaque para a região do Cariri/Centro Sul (76,54%) e a Região Metropolitana de Fortaleza (71,29%).

Por outro lado, a agropecuária foi uma atividade teve sua participação reduzida de 7,69% para 7,06%. (ADJ)

Informações DN



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